24 de jul. de 2017

Verdades Obscuras

Era fim de tarde quando tudo começou, o menino brincalhão se aventurava em meio a vasta mata recheada de arvores e maravilhosas espécies de plantas.

O seu avô muito contente com a sua visita preparava um banquete para seu amado neto. Corina a vovó coruja já arrumava a enorme mesa na varanda, recheada de muitas delicias preferidas do seu neto.

Todos se reúnem diante da mesa, era tudo que o pequeno Felipe desejava. Mais um momento especial na casa de seus queridos avós. Mas algo indesejado aconteceu, Felipe parou de respirar por um momento, engasgado ele morreu sufocado. No dia de seu velório, muita tristeza e comoção. Toda a família desolada incapacitada de ação decidiu enterrar a pequena criança na chácara da família, afinal disse o seu Avô: Aqui é o lugar que ele sempre gostou, tenho certeza de que ele iria gostar.

Os pais aceitam a ideia e assim foi feito, o pequeno Felipe ficara nessas terras e descansara em paz.

Meses se passaram e dor ainda ecoava nos corações de todos. Como esquecer uma criança querida que trazia alegria e luz para todos. Após a trágica morte da criança, nenhum sorriso foi jamais flagrado no rosto de Manuel. Era triste ver um homem tristonho sentado na varando olhando para o horizonte sem piscar os olhos. Parecia que aguardava um milagre, algo paranormal...

Dias se passaram e a nova e triste rotina continuava, o velho homem se definhava de tristeza. Corina não aguentava mais tanto sofrimento de seu marido e resolveu acompanha-lo de frente a varanda. Nada mais parece ter sentido na chácara, a alegria se foi junto com o seu neto. Então eles resolveram se mudar para um asilo. Essa decisão não foi aceita pelos pais de Felipe. Fiquem em minha casa, eu insisto. Disse Anderson.

Não, obrigado meu filho vamos ficar bem, me desculpe, mas já decidimos juntos.

No asilo o velho e cansado casal se apresentam e tão logo se familiarizaram com todos. Corina começou uma nova atividade na oficina de grupo, aprendendo croché. Ela apesar da dor conseguiu traçar alguns sorrisos tímidos, mas valiosos após quase sete meses depois da morte de seu neto.

Para Manuel restou um canto no quarto, encolhido no chão ele já não se alimentava e sua saúde a cada dia se fragilizava continuamente. No terceiro mês hospedado no asilo Manuel tem uma convulsão que lhe deixou encamado. Nesse período na enfermaria do asilo ele mal falava. Mas algo lhe chamou atenção. Ele quando apertava os olhos, conseguia ver de alguma maneira o seu neto. Isso mexia muito com ele, as pessoas ao seu redor já lhe tratavam como louco...

Corina por sua vez acreditava em seu marido, conversando com ele ela também passou a ver a criança. E sempre muito contente como sempre foi. As visões continuavam e aumentavam. Eles resolveram voltar a morar na chácara a pedido de seu neto, ao chegar na entrada da chácara, Felipe se revelou mais uma vez para seus avós. Foi uma grande festa! Os bichos do local se agitaram muito como se estivessem dando as boas-vindas para todos.

Felipe se aproxima de seu avô pega na sua mão e o convida para um breve passeio na chácara. Vovô preciso de mostrar algo importante. Disse Felipe baixinho no ouvido de Manuel. Andando mais lentamente o menino mostra a sua cova próxima aos coqueiros e para surpresa de seu avô a cova estava aberta e o caixão vazio sem o corpo de seu neto.  Espantado Manuel pergunta: O que houve aqui quem mexeu em seu caixão onde está o seu corpo?

Felipe revela que seu corpo foi levado por anjos obscuros, criaturas intraterrenas. Manuel pergunta: Que seres são estes Felipe? Eles existem? Felipe responde: Sim, eles existem e estão bem aqui debaixo de nossos pés Vovô.

O que posso fazer para recuperar o seu corpo? Infelizmente nada vovô.... Eu não preciso mais do corpo. Nesse exato momento um vulto passa correndo nas costas dos dois. Felipe se assusta e desaparece, Manuel se arrepia e sente que está sendo observado. Imediatamente ele segue a procura de Corina... Corina abra a porta por favor rápido! Corina não responde... Manuel bate forte na porta chamando por sua mulher mais não tem respostas. Desesperado ele vai até a porta dos fundos e entra rapidamente batendo a porta. Felipe ressurge diante de seus olhos, de olhar triste ele pega nas mãos de seu avô e mostra a sua Vô morta no chão da cozinha...  Manuel se abaixa e tenta acorda-la, mas é tarde Corina estava morta!

Com muita raiva ele pede para Felipe se afastar, Felipe tenta falar, e seu avô não mais o quer por perto. Vá embora você apareceu para nós para trazer a morte! Não lhe quero mais aqui vá embora demônio! Felipe se afasta e desaparece.

Manuel mais uma vez está velando um membro da família, desta vez a sua mulher. Enquanto o padre realizava a leitura póstuma, Felipe surgia do lado do caixão de sua Vó. Manuel fica inquieto e resolve sair da sala e vai até a varanda tomar um ar puro. Encostado numa das pilastras ele pode ver a sua esposa de mãos dadas com seu neto, Corina conversa com seu Marido e diz: Manuel a minha morte não foi culpa de nosso neto, ele não me fez nada. Uma criatura vestida com o corpo dele me atacou ferindo o meu pescoço. Quando eu vi o monstro chegar pensei que fosse Felipe, mais quando se aproximou eu notei maldade no olhar e tentei correr mais cai antes de chegar na porta da sala.

Não culpe o nosso neto meu querido, ele tem vivido sozinho e com medo andando pela chácara. Precisamos parar essa criatura horrível. Manuel de cabeça baixa fica em um longo silêncio. Minutos depois ele estende a mão para Felipe e pergunta: Como posso derrotar esse bicho? Felipe responde: Não sei vovô. Eles sempre estiveram aqui. 

Por que você nunca me disse nada Felipe, poderíamos ajudar.... Eles conversavam comigo dizendo que são os donos dessa terra e se eu contasse para os adultos eles matariam todos vocês vovô... Manuel enche os olhos de lagrimas e se abaixa próximo de seu neto, quando um dos visitantes vê a cena e diz: Pobre homem está enlouquecendo após a morte de sua esposa... Manuel se assusta e se levanta rapidamente.

De volta para a sala ele limpa os olhos e revela para todos que algo muito perigoso ronda a volta e que todos deveriam ficar dentro de casa, e pede para fechar as portas imediatamente! Os visitantes assustados fazem o que foi pedido e se aglomeram na sala... Horas se passaram e nada acontece, muitos dos visitantes já estão indo embora, Manuel pede para todos ter cuidado na saída. Aos olhares descrentes de todos que agora já pensam que ele está enlouquecido, chocado com a morte da mulher.

Todos se dirigem para espaço na chácara reservado para o enterro de Corina. Quando o caixão é colocado na cova a terra treme, pássaros voam aleatoriamente, os cavalos agitados correm no campo... A chuva cai e quando menos se espera, um grupo de seres intraterrenos surgem diante de todos.... De tridentes nas mãos e outras armas de ferro o grupo ataca a todos e os levam para um enorme buraco próximo dos coqueiros.... Chegando lá um grande espaço se revela debaixo do chão da antiga chácara, surpreendendo a todos. Manuel acompanha a tudo, quando chega para um ponto mais distante ele se defronta com o líder que pede para que ele se sente ao lado de seu enorme trono.

Sente aqui e vera um grande espetáculo! Quando os soldados trazem as pessoas lhes apresentam e logo depois um enorme caldeirão é apresentado. Todas as pessoas são obrigadas a tirar as roupas, depois de despidos são convidados a entrar um a um no caldeirão.... Os gritos ecoavam muito alto, reverberando toda a dor nas frias paredes debaixo do chão. Após todo horror um banquete é oferecido a todos da tribo. Manuel fica apavorado, quando a criatura se aproxima e lhe oferece um prato humano para comer... Manuel se nega a comer e o líder diz: Você pode ir embora, mais eu digo ir embora para sempre dessas terras, nós estamos aqui há muito mais tempo que você. Vá embora e lhe deixaremos em paz. Manuel anda lentamente para traz e aceita a dura realidade.

Fim

Autor da Estória: Lúcio Soares

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