Eduarda ergue a cabeça e pergunta: Quem é você? O Homem responde suavemente, eu sou seu amigo desde que você nasceu. Eduarda exclama, mais que amigo que não me lembro! Isso vai lhe ajudar a se lembrar. O Homem põe a mão na cabeça de Eduarda e em seguida ela consegue se lembrar... Mais é você, como é possível. Já faz muito tempo que não, que não sonho, sequer consigo dormir direito tenho uma vida muito pacata e ainda minha família pega no meu pé o tempo todo!
O homem ouve tudo com atenção, Eduarda mal para de falar. Quando de repente ela percebe que o seu cachorro se aproxima e a corteja muito agitado. Surpresa ela comemora, é o Xem! Ele pode me ver! Eu já posso procurar minha família! O homem muito sério diz: Ainda não criança você ainda está invisível, entenda os animais conseguem ver muitas coisas que os humanos não podem perceber.
Mais o que posso fazer para voltar ao normal? Agora não depende mais de você Eduarda.
Desesperada ela insiste, mais o que posso fazer afinal? E por que eu estou passando por isso?
Na vida existem muitos acontecimentos silenciosos acontecendo agora mesmo, mais o barulho e a distração humana consegue corromper e quebrar a ponto de tudo que ocorre não seja percebido. Mas ainda assim as mudanças acontecem mesmo que não sejam notadas, elas navegam a mente humana e percorrem as almas desavisadas sem pedir licença. Simplesmente acontecem.
O velho homem se aproxima de Eduarda e diz: Eu vou embora minha criança. Fique em paz e encontre o caminho com destreza e paciência. Eduarda fica sentada na calçada e espera o dia de retornar a ser visível.
Quase sempre nos tornamos invisíveis para nós mesmos, seja por comodismo ou negligencia. A partir de então somos responsáveis por tudo que nos é vivido, ainda que não compreendamos, a vida segue.
Autor da estória: Lúcio Soares
Após dois anos de escrita essa estória eu fico pensando...
ResponderExcluir