A descoberta de indícios de câmaras secretas no túmulo do jovem faraó entusiasmou o mundo científico, mas agora está a ser posta em causa
Em novembro do ano passado, tudo parecia certo. O ministro das Antiguidades do Egito, Mamdouh Eldamaty, anunciava que uma investigação recente com tecnologia de radar revelara a existência de câmaras secretas no túmulo do jovem faraó Tutankamón, que se esperava ser o túmulo perdido da rainha Nefertiti. Agora, porém, o mundo da arqueologia está a pôr pressão sobre as autoridades egípcias, devido a crescente desconfiança de que a informação sobre as câmaras secretas era infundada e de que o governo egípcio está a esconder as provas.
O túmulo de Tutankamón, no Vale dos Reis, tem mais de 3300 anos e há mais de 90 anos que é estudado por arqueólogos, desde que foi descoberto pelo britânico Howard Carter. Foi também um arqueólogo britânico, Nicholas Reeves, quem acrescentou peso à ideia de que as supostas câmaras ocultas no túmulo do jovem faraó poderiam ser o túmulo ainda intacto da rainha Nefertiti, sua madrasta. Com base em imagens de radar que revelavam indícios de câmaras secretas e portas por detrás das paredes do túmulo do faraó, Reeves publicou um artigo científico com a hipótese de que Nefertiti ali estivesse sepultada com os seus tesouros.
Entre a teoria do conceituado Reeves e as posteriores garantias do governo egípcio, a descoberta do túmulo de Nefertiti no interior do de Tutankamón parecia estar para breve.
No entanto, escreve esta sexta-feira o jornal The Guardian, a comunidade arqueológica acredita agora que o governo egípcio está a fazer esforços para ocultar as provas, reveladas por uma investigação posterior, de que as câmaras escondidas no túmulo de Tutankamón nunca existiram.
A National Geographical Society organizou, após o anúncio do ministro das Antiguidades em novembro, uma investigação para analisar o túmulo com radar de alta tecnologia. A sociedade diz ter entregado os resultados da investigação ao governo egípcio, que não os revelou. A revista National Geographic escreveu sobre os resultados preliminares desta investigação, realizada em março, e diz que a sua equipa não encontrou provas de quaisquer salas ocultas. "Toda a gente com quem eu falei que trabalha em radar revirou os olhos e disse 'Não há lá nada'", afirmou à revista o especialista em radar Lawrence Conyers.
Para consultar os resultados da investigação, no entanto, é preciso passar pelo ministério das Antiguidades, que, segundo o The Guardian, não responde às chamadas nem aos pedidos de informação.
Um investigador disse mesmo ao jornal: "Os egípcios estão em negação acerca disto. Estão em choque, e tornou-se politicamente tóxico" falar sobre isso, afirmou a fonte. "Quando estás numa situação em que as pessoas estão a ser demitidas por causa disto, os cientistas deviam afastar-se e deixar a política decorrer. Isto já não é do reino da ciência".
Fonte: http://www.dn.pt
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